Entre a Floresta Negra e a América Latina: da hermenêutica à decolonialidade
Palavras-chave:
Decolonialidade. Gadamer. Heidegger. Modernidade. Hermenêutica.Resumo
Apontar-se-á no presente trabalho a crítica de Heidegger à modernidade e ao método de Descartes, visto que ao inaugurar a Filosofia Moderna, Descartes não trouxe luz ao sentido do ‘ser’, que continuou encoberto como já o fizera a tradição, em um movimento de ‘entificação’ do ser, o ôntico, em detrimento do ontológico. Neste percurso, investigar-se-á o fato de que Descartes não só omite a questão do ser como também dispensa a questão sobre o sentido do ser do cogito, pois se o “cogito, ergo sum”, isto é, o “penso, logo existo”, aponta que o “ser” do cogito pensante não precisa do mundo, decorre a questão: como pode ele, então, existir? Descartes pensa o ser humano e sua existência sem o enraizamento histórico, apoiando-se em sua certeza indubitável, que encontra no sujeito o seu próprio fundamento. A repercussão da crítica de Heidegger à modernidade e a Descartes abre pressupostos para Gadamer pensar em seu projeto hermenêutico filosófico e na concepção de que a hermenêutica não se resume apenas no resultado de um procedimento técnico ou metodológico, mas torna-se o fio condutor no tratamento da questão ontológica da compreensão, abrindo-se às perspectivas de abordagens decoloniais, mais precisamente, de pensar a modernidade além de um projeto eurocêntrico.
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