A noção de passado da arte e a espiritualidade do fazer artístico em Hegel
Palavras-chave:
Passado da arte. Arte simbólica. Arte clássica. Arte romântica. Morte da arte.Resumo
Este texto procura analisar a compreensão de “passado da arte” na estética de Hegel, tomando como base os principais aspectos que esta estética identifica ao longo da história da arte e suas manifestações diversas no âmbito das produções artísticas. Inicialmente, apresenta uma contextualização acerca das compreensões hegelianas sobre o sistema geral das artes e suas três etapas distintas que, por sua vez, registram momentos diferenciados da manifestação do Espírito Absoluto. Num segundo momento, a abordagem se volta especificamente para o que o filósofo alemão define como arte simbólica em seu processo de intuição sensível, que é fortemente marcado por uma tentativa de expressar de forma visível o que seria a essência de um fundamento espiritual invisível. O terceiro momento da análise proposta tem como enfoque a arte clássica que, segundo Hegel, atinge um amadurecimento significativo e um avanço promissor em relação à arte simbólica, na medida em que consegue reunir matéria e forma em uma condição que estaria mais próxima da verdade divina. Em seguida, o texto procura examinar a arte romântica, que marca o momento de consumação da história da arte ao atingir o ápice da subjetividade espiritual, intensificando, assim, uma relação de modo mais direto com o Espírito. Por fim, à guisa de conclusão, analisa-se o processo histórico da arte sopesando os aspectos mais relevantes da concepção hegeliana sobre a morte da arte, quando o filósofo procura mostrar que a arte se transforma em filosofia e, por este motivo, acaba perdendo sua essência e seu sentido de ser.
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