Reflexões sobre liberdade e libertação em Hannah Arendt a partir da palestra Liberdade para ser livre

Autores

  • Lara Rocha Universidade Federal do Ceará (UFC)

Palavras-chave:

Revolução. Liberdade. Libertação. Necessidade. Hannah Arendt.

Resumo

A sentença arendtiana de que a razão de ser da política é a liberdade é o fio condutor argumentativo que fundamenta a palestra The Freedom to Be Free (Liberdade para ser livre), proferida na década de 1960. Nela, Hannah Arendt analisa o sentido da política através da investigação sobre as revoluções, seja aquelas já elencadas em Sobre a Revolução, a saber, a Americana e a Francesa, seja à luz daquelas que irromperam após a Segunda Guerra Mundial, como é o caso da Revolução Húngara. A justificativa para este recorte reside na constatação de que os eventos revolucionários, além de serem centelhas de iluminação política em tempos de obscuridade pública, ainda ressaltam as diferenças entre liberdade e libertação, demonstrando que quando a segunda se torna a força motriz dos movimentos políticos, as necessidades pré- políticas invadem a cena pública, frequentemente reverberando em terror. A consequência dessa inversão é a dissolução da esfera pública enquanto campo profícuo para a deliberação e, por conseguinte, a impossibilidade dos homens desfrutarem da liberdade pública. Partindo desta argumentação, o objetivo do artigo é analisar a diferença entre liberdade e libertação, assinalando porque a libertação da miséria e de sua invisibilidade inerente deve, necessariamente, preceder a instauração de um regime em que os indivíduos disporão das condições para desfrutar do duplo vértice da liberdade enquanto fim em si mesma: tanto a independência com relação à opressão e ao medo quanto o sobrepujamento da indigência.

Biografia do Autor

Lara Rocha, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutoranda em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Referências

AGUIAR, O. A. O malogro do espírito revolucionário. Griot: Revista de Filosofia. Amargosa, v. 14, n. 2, dez./2016, p. 274-287.

AGUIAR, O. A. Rastreando a biopolítica em Hannah Arendt. Kairós: Revista Acadêmica da Prainha. Fortaleza, v. 17, n. 2, p. 110-121, 2021.

ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. 8ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2016.

ARENDT, H. Liberdade para ser livre. Trad. Pedro Duarte. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.

ARENDT, H. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ARENDT, H. Sobre a revolução. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

BERNSTEIN, R. Hannah Arendt and the jewish question. Massachusetts: MIT Press, 1996.

BIGNOTTO, N. Hannah Arendt e a revolução francesa. O que nos faz pensar. Rio de Janeiro, n. 29, 2011, p. 41-58.

MATYSIAK, G. Considerações sobre a questão da cultura em Hannah Arendt. Logos & Culturas: Revista Acadêmica Interdisciplinar de Iniciação Científica. Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 89-102, jan./jul. 2023.

PAREKH, B. Hannah Arendt and the search for a new political philosophy. London: The Macmillan Press, 1981.

ROCHA, L.F. A burocracia como o não-lugar da política na perspectiva de Hannah Arendt. In: SILVA, F.G.P. et. al. (Orgs.). Pilares da Filosofia. Estudos acerca da ética, política, linguagem, conhecimento e ensino de filosofia. Porto Alegre: Editora Fí, 2020.

ROCHA, L. F. Pensar em tempos sombrios: as implicações políticas do pensamento na perspectiva de Hannah Arendt. 2019. 140f. Dissertação (Mestrado em Filosofia), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2019.

TOCQUEVILLE, Alexis de. De la démocratie en Amerique. Paris: Flammarion, 1981.

WELLMER, Albrecht. Arendt on revolution. In: VILLA, Dana (Org.). The Cambridge Companion to Hannah Arendt. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

Downloads

Publicado

2023-12-13

Como Citar

ROCHA, L. Reflexões sobre liberdade e libertação em Hannah Arendt a partir da palestra Liberdade para ser livre. Kairós, Fortaleza, v. 19, n. 2, p. 157–172, 2023. Disponível em: https://ojs.catolicadefortaleza.edu.br/index.php/kairos/article/view/503. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos