Reflexões sobre liberdade e libertação em Hannah Arendt a partir da palestra Liberdade para ser livre
Palavras-chave:
Revolução. Liberdade. Libertação. Necessidade. Hannah Arendt.Resumo
A sentença arendtiana de que a razão de ser da política é a liberdade é o fio condutor argumentativo que fundamenta a palestra The Freedom to Be Free (Liberdade para ser livre), proferida na década de 1960. Nela, Hannah Arendt analisa o sentido da política através da investigação sobre as revoluções, seja aquelas já elencadas em Sobre a Revolução, a saber, a Americana e a Francesa, seja à luz daquelas que irromperam após a Segunda Guerra Mundial, como é o caso da Revolução Húngara. A justificativa para este recorte reside na constatação de que os eventos revolucionários, além de serem centelhas de iluminação política em tempos de obscuridade pública, ainda ressaltam as diferenças entre liberdade e libertação, demonstrando que quando a segunda se torna a força motriz dos movimentos políticos, as necessidades pré- políticas invadem a cena pública, frequentemente reverberando em terror. A consequência dessa inversão é a dissolução da esfera pública enquanto campo profícuo para a deliberação e, por conseguinte, a impossibilidade dos homens desfrutarem da liberdade pública. Partindo desta argumentação, o objetivo do artigo é analisar a diferença entre liberdade e libertação, assinalando porque a libertação da miséria e de sua invisibilidade inerente deve, necessariamente, preceder a instauração de um regime em que os indivíduos disporão das condições para desfrutar do duplo vértice da liberdade enquanto fim em si mesma: tanto a independência com relação à opressão e ao medo quanto o sobrepujamento da indigência.
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