Holocausto: fruto do mal radical ou mal banal?

Autores

  • Luigi Marcel Pereira de Souza Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília (FATEO)

Palavras-chave:

Holocausto. Imperativo Categórico. Mal Banal. Liberdade. Moral.

Resumo

A devassidão e as horrendas consequências do Holocausto Judeu (1941-1945), promovidos pelo regime nazista liderado por Adolf Hitler, levantam questionamentos sobre o modo como o homem é capaz de realizar atos de genocídio sem revelar nenhum aspecto de culpa moral.  Ao ser questionado sobre o motivo de suas ações colaborativas à investida nazista contra a humanidade, Adolf Eichmann, membro do Terceiro Reich preso pelas forças secretas Israelita, alegou ter apenas cumprido o seu dever, remetendo-se assim à questão do imperativo categórico de Immanuel Kant, e considerando-se merecedor de perdão. Essa justificativa é questionada por Hannah Arendt que contrapõe essa ideia do imperativo categórico e o mal radical com a existência de uma banalização do mal. Dado esse problema, este artigo procura realizar uma análise da teoria do mal radical kantiano e do mal banal arendtiano para procurar perceber qual dos dois se aproxima mais da realidade dos fatos descritos no julgamento de Jerusalém.

Biografia do Autor

Luigi Marcel Pereira de Souza, Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília (FATEO)

Bacharelando em Filosofia pela Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília (FATEO). Seminarista da Arquidiocese de Brasília. Membro do Grupo de Estudos Julián Marías. Desenvolve pesquisa nas áreas de ética e antropologia filosófica para compreender a necessidade antropológica do perdão.

Referências

ANTISERI, D.; REALE, G. Filosofia: Idade Moderna. São Paulo: Paulus, 2018.

ARENDT, H. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2016.

ARENDT, H. A vida do espírito. Tradução de Antônio Abranches e Helena Martins. 5ª ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

ARENDT, H. Compreender. Formação, Exílio e Totalitarismo. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém : um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José R. Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

ARENDT, H. Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

ARENDT, H. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2022.

CORREIA, A. O conceito de mal radical. Trans/Form/Ação, Marília, v. 28, n. 2, p. 83-94, 2005.

GIACOIA, O. J. Mal radical e mal banal. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v. 20, n. 29, p. 137-178, 2011.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulberian, 2001.

KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Editora 70, 2007.

KANT, I. La religion dans les limites de la simple raison. 4ª ed. Paris: J. Vrin, 1968.

KANT, I. Metafísica dos Costumes. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.

PASSOS, F. A. Pensar. In: CORREIA, A.; AGUIAR, O. A.; ROCHA, A. G. V, MÜLLER, M. C. (Eds.). Dicionário Hannah Arendt. São Paulo: Edições 70, 2022.

PEREIRA, W. P. O julgamento de Nuremberg e o de Eichmann em Jerusalém: o cinema como fonte, prova documental e estratégia pedagógica. In: Anais da I Jornada Interdisciplinar de Porto Alegre sobre o Ensino do Holocausto. Porto Alegre: B'nai B'rith Brasil / B'nai B'rith Rio Grande do Sul, 2010. p. 20-45.

ROCHA, L. A burocracia como o não-lugar da política na perspectiva de Hannah Arendt. In: SILVA, F. G. P. DA et. al. (Eds.). Pilares da Filosofia: estudos acerca da ética, política, linguagem, conhecimento e ensino de filosofia. Porto Alegre: Editora Fi, 2020.

ZILLES, U. Filosofia da religião. 7ª ed. São Paulo: Paulus, 2009.

Downloads

Publicado

2022-12-22

Edição

Seção

Artigos