O agnosticismo de Protágoras de Abdera

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discutir as teses de Protágoras de Abdera, eminente sofista do século V a.C., sobre o problema da incognoscibilidade das divindades e das ações destas. Para tanto parte-se de uma introdutória reflexão sobre o papel da religiosidade no mundo grego antigo, com a finalidade de demonstrar a imprescindibilidade deste aspecto para a compreensão da sociabilidade grega como um todo. Em seguida apresenta-se informações gerais sobre o autor em análise, bem como suas principais teses, com a intenção de localizar e justificar sua opção agnóstica dentro de seu próprio pensamento. Tomando as ideias defendidas por outros pensadores que também floresceram na Grécia antiga, argumentar-se-á que a opção especulativa de Protágoras com relação às divindades é fruto de um contexto crítico que fomentava tal alternativa espiritual. O fragmento protagoriano que fundamenta sua postura quanto a indiscernibilidade das divindades será enunciado e analisado com duas finalidades principais: em primeiro lugar diferenciar a complexa postura agnóstica de Protágoras de um ateísmo ingênuo e em segundo lugar refletir pormenorizadamente sobre os argumentos que fundamentam tal tese. Assim pretende-se concluir tornando evidente a relevância das teses protagóricas para a filosofia da religião.