A aversão à pobreza e a relação com as coisas como determinantes nas relações morais
Palavras-chave:
Aporofobia. Moralidade. Dinheiro. Ética.Resumo
O presente artigo pretende iniciar uma análise sobre o fato de que os conjuntos de valores da sociedade estão pautados no quanto os indivíduos podem ter e/ou na sua capacidade de gerar mais bens materiais. Os juízos valorativos são determinados, no mais das vezes, pela posição ocupada pela pessoa ou grupo de pessoas dentro de um contexto social e essa posição geralmente se deve à quantidade de coisas que ela possui. Emitemse juízos morais a partir das relações estabelecidas com as coisas, da relação com os bens materiais. Dentro deste escopo, partir-se-á da teoria formulada por Adela Cortina sobre a aporofobia, a aversão à pobreza, um tipo de fobia que marginaliza certos tipos de sujeitos, não por conta de sua etnia, cor de pele ou religião, mas por conta de sua falta de riqueza, o que acaba determinando a validação (ou não) das relações morais entre os indivíduos.
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