A perda da tradição e o anjo da História: uma discussão entre Hannah Arendt e Walter Benjamin

Autores

Palavras-chave:

Mundo Comum. Tradição. Anjo da História.

Resumo

Segundo Hannah Arendt, hoje o mundo comum encontra-se ameaçado pela usurpação da esfera pública por interesses do âmbito privado, tornando a vida biológica o bem supremo. O homem da ação perdeu espaço para o homem do trabalho e do consumo, o animal laborans. A ameaça totalitária comprovou que o processo de desmundanização é possível até as últimas consequências. Esse rastro teórico arendtiano tem nos movido a buscar compreender como se deu esse processo de colapso do mundo comum e se em plena modernidade ainda há formas de preservá-lo e renová-lo. Para tanto, diante de uma sociedade fruto da ruptura com a tradição, optamos por realizar, a partir do pensamento da autora, uma reflexão entre Hannah Arendt e Walter Benjamin. Ambos os pensadores realizam um diálogo reflexivo e crítico com relação à tradição e acreditam que mesmo sem uma tradição que nos ampare e oriente, há a possibilidade de, assim como o Anjo da História, adentrarmos ao campo de ruínas, olharmos para o passado e dele extrairmos algumas marcas luminosas. E, como nos diz a autora, “mergulharmos até as profundezas do mar” e nele enxergarmos “pérolas e corais”, momentos da história em que podemos ressignificar e, assim, nos convencer de que não podemos “virar as costas” para o mundo.

Biografia do Autor

Francisco Rafael Queiroz de Oliveira, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professor Efetivo da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC - CE).

Referências

AGUIAR, Odílio Alves. Filosofia e política no pensamento de Hannah Arendt. Fortaleza: Edições UFC, 2001.

AGUIAR, Odílio Alves. Filosofia, política e ética em Hannah Arendt. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 12. ed. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.

ARENDT, Hannah. A Vida do Espírito: o pensar, o querer, o julgar. 6. ed. Tradução de César Augusto de Almeida, Antonio Abranches e Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

ARENDT, Hannah. Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Tradução de Denise Bottmann.Belo Horizonte: UFMG, 2008a.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 7. ed. Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Editora Perspectiva, 2011.

ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2008b.

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I: Magia e Técnica, Arte e Política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984b.

BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. Tradução de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Sumus, 1984a.

CALLADO, Tereza. Walter Benjamin: a experiência da origem. Fortaleza: EDUECE, 2006.

DUARTE, André. O pensamento à sombra da ruptura: política e filosofia em Hannah Arendt. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

SHAKESPEARE, W. Obra completa. Vol. 2. Tradução de F. Carlos de Almeida, Cunha Medeiros e Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar S/A, 1988.

Downloads

Publicado

2025-01-24

Como Citar

OLIVEIRA, F. R. Q. de. A perda da tradição e o anjo da História: uma discussão entre Hannah Arendt e Walter Benjamin. Kairós, Fortaleza, v. 20, n. 2, p. 47–61, 2025. Disponível em: https://ojs.catolicadefortaleza.edu.br/index.php/kairos/article/view/587. Acesso em: 29 jan. 2025.

Edição

Seção

Filosofia em Terras Alencarinas