O mal-estar da filosofia ocidental na perspectiva de Nietzsche
Parole chiave:
Décadence. Filosofia. Cultura.Abstract
O presente trabalho tem como objetivo apresentar, na perspectiva nietzschiana, alguns aspectos da teoria da décadence, limitando-se ao seu embate com a filosofia metafísica socrático-platônica, relacionando-os com a possibilidade de “diagnosticar” um processo de degeneração fisiopsicológico no indivíduo e na cultura ocidental. Para realizar tal empreitada, nos detemos na terceira fase do filósofo e nos escritos do último ano de produção de Nietzsche. Com efeito, no período o autor faz uma investigação minuciosa de Sócrates, no Crepúsculo dos Ídolos, de 1888. Diante disso, no primeiro momento, a fim de introduzirmo-nos no procedimento genealógico-fisiológico por meio do qual o filósofo investiga o conceito de décadence, destacamos alguns aspectos específicos do contexto histórico do conceito em questão que surgiu a partir do movimento literário francês da segunda metade do século XIX. Em seguida, a análise e os efeitos causados pela filosofia socrático/platônica ilustrados por Nietzsche, forneceram a matéria prima para comparar uma filosofia que expressa um estado de décadence e uma filosofia que se revela como uma manifestação da vontade de poder para o indivíduo e para cultura. Logo após, a investigação percorre o caminho da décadence fisiopsicológica que se manifesta em filosofias como a de Sócrates e Platão, apontando sua interpretação para a configuração fisiopsicológica da décadent de Sócrates (anarquia dos instintos), a fim de demonstrar que este conceito foi comum aos filósofos que interpretaram equivocadamente a vida, desvalorizando-a. Por fim, concluiremos enfatizando os males que essa relação causa tanto no individuo quanto na cultura e o que tais indivíduos e culturas têm em comum, ou seja, o niilismo e o ideal ascético, sintomas da décadence fisiológicapsicológica que causam a desagregação dos instintos. Portanto, a filosofia socrático-platônica é uma das máscaras para ocultar a “náusea” que a civilização ocidental sofre a séculos, sinalizando para o mal que causou tanto no indivíduo quanto na cultura. Dessa forma, ambos (indivíduo e cultura) foram fios condutores de uma análise que fornece elementos para empreender um “diagnóstico” da história da civilização europeia que, para Nietzsche, é um movimento de décadence.
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