Aborto e regras de determinação: uma crítica da analogia do violinista de J. Thomson a partir de argumentos dedutivos

Autores

  • Gustavo Albuquerque Universidade Federal do Ceará (UFC)

Palavras-chave:

Bioética. Saúde pública. Aborto. Judith Thomson. Analogia do violinista.

Resumo

O objetivo do presente ensaio é tecer uma crítica logicamente rigorosa, além de promover uma discussão crítico argumentativa com réplicas e tréplicas, ao argumento do violinista, exposto no artigo de J. Thomson, utilizando o procedimento da transformação de um argumento analógico, como o argumento do violinista, em argumentos puramente dedutivos através do método das regras de determinação elaboradas por T. R. Davies e S. Russell. As críticas ao argumentos presentes na analogia do violinista se baseiam nos seguintes princípios ou ponderações: no princípio do respeito à integridade física universal, no princípio da responsabilidade sobre aquilo que se cria, na ponderação da especialidade do vínculo materno a nível físico e psíquico e na ponderação da semelhança de magnitude das exigências físicas/psíquicas relacionadas tanto ao “aborto seguro” quanto ao parto. A conclusão a que se chegou nesse ensaio foi que os cinco argumentos dedutivos construídos a partir de aspectos da analogia do violinista não se mostraram cogentes, pois alguns dos pressupostos adotados não eram aplicáveis às situações reais do aborto.

Biografia do Autor

Gustavo Albuquerque, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Desenvolve pesquisas na área de epistemologia e filosofia da religião, a partir de uma perspectiva da filosofia analítica, possuindo também interesse em metafísica, filosofia da ciência e filosofia da física.

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Publicado

2022-12-29

Como Citar

ALBUQUERQUE, G. Aborto e regras de determinação: uma crítica da analogia do violinista de J. Thomson a partir de argumentos dedutivos. Kairós, Fortaleza, v. 18, n. 2, p. 51–70, 2022. Disponível em: https://ojs.catolicadefortaleza.edu.br/index.php/kairos/article/view/383. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

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Artigos