O estranhamento e as solicitações do mundo-da-vida: o outro na constituição da ipseidade
Palavras-chave:
Fenomenologia. Outro. Ética. Husserl. Ricoeur. Waldenfels.Resumo
O artigo em forma de estudo teórico dedica-se ao exame do tema do estranho nas filosofias de Edmund Husserl e Paul Ricoeur a partir do ponto de vista fenomenológico. A motivação para tal problemática é dada pelo posicionamento de Bernhard Waldenfels, fenomenólogo alemão. O problema do outro ou estranho constitui-se como um apelo característico do mundo-da-vida que exige responsividade. Em Husserl, na V Meditação Cartesiana, a presença do estranho altera a ipseidade, permanecendo na análise perceptiva. Em Paul Ricoeur o fenômeno do estranho ou outro, por sua vez, é elemento constitutivo da ipseidade. A problemática lançada por Bernhard Waldenfels encontra na atestação de si de Paul Ricoeur uma atitude responsiva. Evidencia-se, assim, o enxerto hermenêutico na fenomenologia, mais propriamente a progressiva passagem da epistemologia, perspectiva husserliana, à ética, perspectiva ricoeuriana, na análise fenomenológica do estranho. A atestação é, portanto, o reconhecimento do outro na originalidade de sua estranheza.
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