A alimentação dos adventistas na Amazônia: a reima no cotidiano da população do Estado do Pará e suas similaridades com a dieta adventista
Palabras clave:
Hábitos Alimentares. Dieta Adventista. Comida Reimosa.Resumen
O presente relato é a exposição sobre os hábitos alimentares dos Adventistas do Sétimo Dia, que assim se autodenominam porque aguardam a segunda vinda de Jesus à Terra para restaurá-la e se empenham na preservação do sábado como um dia de descanso e adoração. Além disso, os adventistas procuram manter estritos cuidados com o corpo por meio de uma dieta alimentar “natural” e vegetariana ou, pelo menos, em conformidade com as restrições contidas nos textos bíblicos da Thorá hebraica, conhecida como Pentateuco pelos cristãos. Neste texto, o leitor conhecerá, mais especificamente, a relação desse grupo religioso com alimentos de origem animal, registrados no Levítico e no Deuteronômio. Trata-se da análise dos hábitos de adventistas do sétimo dia residentes na cidade de Belém, no Pará (Brasil - Amazônia). Compara-se tais práticas com tabus alimentares encontrados na região, conhecidos popularmente como reima. A palavra é utilizada na localidade para referir-se aos alimentos que podem fazer mal a determinadas pessoas, em certas circunstâncias específicas. Por exemplo: mulheres parturientes ou menstruadas e pessoas detentoras de algum ferimento, entre outras possibilidades. Muitos paraenses utilizam as expressões “comida remosa” para identificarem aquilo que não serve para sua alimentação, conceito utilizado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. A narrativa é resultado de trabalho de campo em duas igrejas adventistas, cuja etnografia é acompanhada com interpretações de Mary Douglas e de antropólogos da região Norte do país: Maria Angelica Motta-Maués e Raymundo Heraldo Maués.
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